segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Presidente da CTB-RS denuncia manipulação patronal para evitar um índice justo no reajuste do Piso Mínimo Regional

   Documento já entregue ao governador será distribuído aos deputados na Assembleia
   Foto: Márcia Carvalho

A ofensiva do patronato, através dos meios de comunicação, a fim de intimidar o governador Tarso Genro a não conceder o reajuste correto do Piso Mínimo Regional, foi contestada pelo presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor. Ele respondeu a afirmação do presidente do Sindiatacadistas, de que o Estado perdeu 460 mil postos de trabalho desde que o Piso Regional foi criado, há dez anos:
“Essa declaração tem um dado positivo: os empresários já diminuíram os números falseados que estavam adotando como argumento. Até poucos dias diziam que o Rio Grande do Sul havia perdido 600 mil empregos com o Piso Regional. Certamente se deram conta de que era um dado absurdo, uma vez que não entraram nem 500 mil pessoas no mercado de trabalho nos últimos dez anos, o que só seria possível se fossem incluídos os recém nascidos”, ironizou o presidente da CTB.
“Claro que, mesmo o atual não é verdadeiro. Na verdade, é uma das formas da luta política que tem sido colocada nesse momento. De um lado os empresários que sempre foram contra o Piso Regional porque, é lógico, se o trabalhador ganhar mais, o empregador vai reduzir os seus lucros. Significa que vai mexer no bolso deles. Nós queremos valorizar o salário mínimo porque queremos que haja mais dinheiro no bolso do assalariado porque é ele que consome e mantém o mercado interno aquecido e movimenta a economia. Isso gera mais produção, renda, empregos e desenvolvimento”, analisou o presidente da CTB-RS.
“Nós reafirmamos, em nome da CTB-RS - e essa também é a opinião das demais centrais sindicais -, que o Salário Mínimo Regional não é um problema. Ele é a solução para a falta de distribuição de renda e do baixo poder aquisitivo da população, não só do Rio Grande do Sul, mas de todo o país. Cerca de 20 anos atrás, a renda dos trabalhadores representava 50% do PIB nacional e hoje é de apenas 34% do PIB. Isso significa uma redução drástica dos salários em relação a produção da economia como um todo.”
Guiomar Vidor considera fundamental para o futuro do país que essa situação seja logo equacionada, como explica:
 “Há uma crise internacional do sistema capitalista e a tendência é de que os países se fechem para as suas economias. O Brasil, como país exportador, tende a exportar menos. E, portanto, precisa reforçar o seu mercado nacional, a fim de gerar um consumo interno suficiente para dar conta dessas exportações que não vão ser feitas e para poder dar continuidade ao processo de crescimento econômico do país. Isso só vai acontecer se reforçarmos o nosso mercado interno. Isso acontecerá mediante o fortalecimento da massa salarial, do poder de compra dos trabalhadores que são quem, efetivamente, consomem em nosso país.”
Como exemplo, o presidente da CTB-RS lembrou que no governo Lula já isso ficou evidente, quando o país foi o último a ser prejudicado pela crise econômica mundial e o primeiro a sair dela.
“A valorização do salário mínimo foi um instrumento importante e fundamental para que o Brasil pudesse enfrentar a crise de uma forma diferenciada. Com o salário mínimo valorizado, houve mais poder de compra para a população, o mercado interno foi aquecido e por isso o Brasil conseguiu render mais, produzir mais e, portanto, gerar mais empregos num período em que o mundo inteiro vivia uma crise que gerou desemprego e outras contradições sociais.”
Por outro lado, depois da vitória do governo Tarso Genro é que foram iniciadas medidas anticíclicas no Estado, nos mesmos moldes que o Brasil já vinha adotando anteriormente.
“Até então, a política econômica do Rio Grande do Sul era fechada e não tinha o Estado como indutor do processo de desenvolvimento. Agora constatamos que o governo do Estado tem assumido essa condição, tanto que esse ano a tendência é o Rio Grande do Sul ter um crescimento econômico maior do que o Brasil e a tendência é isso se verificar mais uma vez no ano que vem”, constatou Guiomar Vidor.
“Nós consideramos que o Piso Regional é um instrumento de distribuição de renda, da mesma forma que o salário mínimo é em nível nacional”.
Nesta terça-feira, o Dia da Mobilização pela valorização do Piso Regional do RS
O dia 13/12 foi escolhido pela CTB-RS e demais centrais sindicais como o Dia da Mobilização pela valorização do Piso Mínimo Regional. Guiomar Vidor convoca todos os trabalhadores a participarem de mais esse esforço, quando faltam poucos dias para o governador Tarso Genro anunciar o índice.
“Nós estamos, juntamente com as demais centrais sindicais, convocando para essa terça-feira (13/12) uma série de atividades. Na parte da manhã, a partir das 10 horas, na Esquina Democrática, haverá um grande bandeiraço e distribuição de material à população. Às 11 horas, temos agenda com o presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, quando será entregue o documento das centrais sindicais, o que também será feito durante a reunião das lideranças partidárias. No inicio da tarde, vamos entregar o documento a todos os demais deputados. E, às 15 horas, teremos uma audiência com o Secretário do Trabalho, Luis Augusto Lara”, informou.
“A idéia é intensificarmos a luta na defesa do Piso Regional e de sua valorização. Nós vamos exigir e pressionar o governo do Estado até o último momento para que ele encaminhe um projeto à Assembleia Legislativa tendo em conta que o Salário Mínimo Regional precisa ser valorizado para que ele alcance aquele valor de quando foi criado, que é de 1,28 salários mínimos nacionais” justificou o presidente da CTB-RS.

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